sábado, 5 de julho de 2014

Um adeus

No calendário uma data circulada de azul.
Um mês depois a mesma data manchada de vermelho.
Não sabia dizer se era vermelho sangue ou de batom mesmo.

Roupas e fotos espalhadas pela casa, e na cama só um lençol branco.
Entrei no quarto sem pedir licença, sentei no pé da cama, peguei a foto deles.
Ele gritou, disse para ir embora, que não queria que o visse naquele estado.

Não obedeci, fui até a cabeceira e fiz um cafuné, desnorteado ele chorou.
Colocou a culpa em Deus, na família, no amante.
Amaldiçoou todos e no extremo da raiva, chorou por ela.

Foi a primeira vez que vi um homem chorar por uma mulher.
Uma mulher que o abandonou, que o trocou, que foi embora.
Foi a última vez que o vi chorar por alguém, foi a última vez que o vi.

Em uma tarde cinza, ele resolveu dizer ao mundo o quanto doía.
Escreveu uma carta de adeus, agradecimentos e terminou dizendo que foi ser feliz.
Em qual mundo, não sabemos.