segunda-feira, 27 de julho de 2020

Sobre-dores

Uma mulher me feriu,
uma mulher me feriu.

Ela pegou toda
violência, desigualdade e
dor que já viveu da
branquitude e colocou na
minha conta.

Rasgou o saco, jogou o
lixo todo em cima de
mim.

Tinha sangue, mas não era meu.

Tinha violência, mas não era minha.

Tinham muitas dores, que se misturaram com as minhas

e eu fiquei paralisada, chorando, chorando.

Não era qualquer mulher, era  a que eu chamava de amiga, por isso
doeu até a alma, gerações.

Uma mulher me feriu, que pena não poder chamá-la de amiga.