terça-feira, 6 de outubro de 2020

Finais

 O amor acabou? - Pergunta retórica 

Havia tanto em nós,
em mim,
em você.

É como ver seu
presente sendo destruído,
seu coração dilacerado
e não sentir nada.

Como pode acabar?
Foram tantas promessas,
tantos sonhos e planos.

E acabou, como a fogueira
de São joão ou o seu perfume
favorito que chega ao fim.

Odeio finais, sou sempre apegada
aos começos, os términos são 
sempre o fim do mundo pra mim

Mas hoje, eu sinto isso:

Nada.

sobre os fins que a gente precisa encarar.

sexta-feira, 11 de setembro de 2020

Hipocrisia

Meu ventre
que considero 
hoje,
- sagrado!
é visto como profano.

Fonte do pecado,
da sujeira,
do nojo,
da vergonha.

Eu sangro,
todo mês,
isso é símbolo de vida
e saúde.

O meu sangue, 
não é motivo
de nojo ou 
vergonha.

Vergonha 
eu sinto é de um
país que idolatra
um genocida,
machista,
racista,
homofóbico,
corrupto que
se considera
saudável
e feliz.

enfim, a hipocrisia.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Inverno

São Paulo,
cidade de Guarulhos.
Agosto ou desgosto.

Eu não sei.
Sei que hoje faz frio.

Mas o problema na verdade
é o gelo que habita
em alguns corações.

-Ei, você!

não deixe
que ninguém
apague o seu fogo!

É inverno, mas
aqui dentro faz verão.

terça-feira, 28 de julho de 2020

Lunáticas

Queria escrever uma carta de amor
para um astro que me ilumina.

Ilumina todos e todas, principalmente 
nas noites escuras.

A Lua,
Menina,
Donzela,
Mãe e
Velha.

Lembrei de olhar para o céu
e me sentir sagrada.
Sua energia, iluminou meu corpo,
voltei meus olhos para o espelho e
presenciei: sou, somos.

Mulheres, são seres lunáticos.

segunda-feira, 27 de julho de 2020

Sobre-dores

Uma mulher me feriu,
uma mulher me feriu.

Ela pegou toda
violência, desigualdade e
dor que já viveu da
branquitude e colocou na
minha conta.

Rasgou o saco, jogou o
lixo todo em cima de
mim.

Tinha sangue, mas não era meu.

Tinha violência, mas não era minha.

Tinham muitas dores, que se misturaram com as minhas

e eu fiquei paralisada, chorando, chorando.

Não era qualquer mulher, era  a que eu chamava de amiga, por isso
doeu até a alma, gerações.

Uma mulher me feriu, que pena não poder chamá-la de amiga.

quinta-feira, 28 de maio de 2020

Resgate: forças selvagens

-Adeus, acho que é o fim, preciso terminar, me afastar, acabar. - Depois de pensar sobre isso, algo dentro de mim despertou e gritou comigo:
-É isso mesmo? Por que tem tanto medo de ser amada? Por que abandona, com medo de ser abandonada? Por acaso dói tanto assim se sentir amada? 
Eu te conheço!
Eu te sinto!
Isso é crença limitante, não é mulher selvagem,
não é intuição.
A voz que você escuta agora, essa sim, sou eu.

Vim avisar que já me cansei disso.

O amor genuíno, ele você já encontrou, ninguém
vai te amar como eu te amo e é ele que importa,
é dele que você precisa e ele precisa de você,
resgate!

Carta a um ser de luz

Latrel,
Você partiu em uma noite de lua minguante.
Eu sou a prova-viva que você lutou bravamente,
resistiu, como um gato latinoamericano das ruas do Brasil.

Você sabia que era amado, todo mundo amava você e todas
as veterinárias se apaixonavam, um grande conquistador
de corações, mas era fácil demais te amar.

Como eu costumo dizer: meu bichinho de amor e ódio,
Conquiste Valhalla!

Latrel faleceu no dia 14/04/2022 aproximadamente às 23:50.

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Matricaria

A Camomila falou comigo novamente.
Nosso encontro foi repentino,
amoroso.

Ela trouxe com doçura o acolhimento as lágrimas,
às águas para limpar, purificar meu coração.

Foi até o íntimo, resgatou meus eu's do passado,
me conectou com a criança que chora e disse:
"Tá tudo bem chorar".

Acolheu as dores,
as lágrimas
e curou.

Transformação.
Transcendental.

A camomila, a Deusa da natureza,
a criança,
a donzela,
e a anciã.

Ela cura,
ela ama,
transforma,
mata e
renasce, Mulher.



sexta-feira, 24 de abril de 2020

amo(r)te

Palavras ficaram presas na tela.
Os olhos fitavam,
fitavam e a mente não parava.

Não parava de pensar,
de lembrar,
de sonhar,
de rememorar.

Pensei que o passado,
ainda fosse passado.

Pensei que fosse
passar, às vezes
dói, às vezes
é saudade.

E também amor.

Lembrar é uma forma de
manter vivo aquilo que
já morreu.

terça-feira, 7 de abril de 2020

Tatu

Ouvi dizer
que a gente
se apaixona
é pelo cheiro
da pessoa.

Li em algum
lugar da minha
cabeça, que o
cheiro faz a
gente
rememorar
muita coisa,
muita coisa.

O cheiro das
plantas,
o cheiro
da terra
ou
do asfalto
molhado,
o cheiro
das ervas
sendo
cozinhadas.

até aquilo
que já
azedou, tem
cheiro.

De fato,
concordo
em partes.

Considero triste
se não pudêssemos
sentir o cheiro,
daqueles que
amamos,

mas com certeza
faltaria vida
não poder tocá-los.

O cheiro é importante,
mas o tato
é afeto,
é calor,
é amor,
é essência(L).

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Matriarcado

Cada tapa bem dado no patriarcado,
deve ser comemorado.

Hoje eu (ou)vi a estrutura patriarcal
estremecer, senti orgulho, amor e
agradeci por poder presenciar tamanha
transformAÇÃO.

Aos 58 anos levando a vida dos homens
nas costas, contribuindo na manutenção dos privilégios
e renunciando as próprias escolhas, amores e vida

Finalmente a mulher sagrada (e selvagem)
apareceu, ou no caso rugiu, despertou.

Não suporta mais ser conduzida, não
aceita mais a leis dos homens, não permite
que controle seu corpo, sua alma,
coração e vida.

Nos olhos daquela que me gerou no ventre,
eu pude ver a (r)evolução.