segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Carta a 2022

Carta aberta para me lembrar
de não romantizar as dores
que tem os finais.

não é um relacionamento amoroso,
mas é uma relação que esse ano
me feriu em muitos lugares.

eu não consigo falar sobre isso
nem com a pessoa, nem comigo,
nem com ninguém.

A dor rasgou meu peito, me vi
no automático, renunciei lugares,
pessoas, momentos, pra caber
nesse lugar.

Mas não me cabe, me vi pequena,
frágil, vulnerável e destruída.

Será que esse é o preço?!
eu me vi perdida na multidão,
por mais clichê que seja.

Me vi odiando a mim mesma,
odiando lugares, memórias,
amigos, cheiros...

me vi odiando e não gostei.

Talvez fosse o luto, que era pra
ser um e foram dois.

Esse ano valeu por dez, 
agradeço 22, mas que ano
do inferno.

Sigo com a esperança
de que depois da tempestade,
a calmaria chega.

e por mim, já deu. 

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

Passar

 "Eu não posso apagar meu passado"

Só que não é sobre negar um passado.

Eu não nego o que eu vivi,
mas esse verbo é passado.

Não existe final feliz ali, só um fim.

Talvez existissem momentos felizes,
mas aquilo, não é o que eu sou
hoje.

O passado é uma fotografia bonita,
que por descuido ou desespero
eu apaguei.

Os momentos continuam na retina,
ou na memória, não me faz triste
e nem feliz. É indiferente, fez parte
da minha história.

Eu sorrio, aceno com um tchau
e agradeço.

Não as pessoas, mas a mim.

A grandiosidade da vida, é sempre
a minha escolha de
ficar ou partir.

Dá pra não me partir, mais?!

Acena, sorria e agradeça.

Solta, pra não faz nó 
naquilo que é laço.