segunda-feira, 25 de junho de 2018

Poema de Vó

Um tempo sem visitá-la.
Aquele sorrisinho simpático que só ela
tem resolveu aparecer
quando me viu.


O sorriso logo foi embora, para dar
espaço ao sono, cansaço e dores.


Eu, reclamo da sua recepção
por ser visita e não querer levantar.


Ela em um gesto de amor recita:
- Você não é visita, mora no meu coração!


Poemas espontâneos  fora do cotidiano.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Alimenta-dor

Quando vi,
algo em você
morreu em mim.

as palavras
sempre foram
uma espécie
de abraço.

me encontrava
nas poesias,
sorria ao ler
as traduções
de música
que eram só
nossas.

mas nunca soube
nomear o que
(des)aconteceu
em mim
quando li
suas declarações,
para outra pessoa.

doeu.
feriu.
matou.

por dentro.
por fora.
por todo lugar.

Ainda dói.

Digo a mim mesma:
- Não alimente a dor!

Só que ela tem fome.






Outras histórias

Tv ligada.

Em um noticiário,
contam a história de
um homem.

Pai de família - descreviam -
Homem de bem; os pais
contam que nunca deu trabalho;
era um bom homem; estudioso;
sempre preocupado com o trabalho;
se preocupava com as crianças
 em situação de vulnerabilidade;
 levantava muitas bandeiras; o homem
que toda mulher poderia sonhar.

Só esqueceram de avisar que narravam
a história de um assassino.
Matou a mulher e a filha.

A história delas ninguém conta!

Sobre o privilégio de ser homem 

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Crimes

Uma pilha de papéis,
livros, cd's...

roupas pela cama, 
pelo chão, por toda
a casa...

a cena de te ver estirada
no chão, não o matou.

Ele levou todo o lixo para
fora e sorriu para os vizinhos
sussurrando: É louca!

Você, que não podia se defender
ficou lá, parada, como qualquer
corpo sem vida ficaria.

- Ela se matou - disse ele - eu sabia
que isso aconteceria, foram dois segundos
que eu a deixei sozinha, ela é desequilibrada.

Ok! - disse o policial - tudo está resolvido, 
pode ir embora. 

O crime foi ter nascido Mulher.