Então, quando o velhote me perguntou pessoalmente o que eu queria de verdade, encontrei outras palavras, mais verdadeiras.
- Eu quero ter uma experiência duradoura de Deus. Algumas vezes eu sinto que entendo a divindade de Deus, mas depois deixo de entender porque me distraio com meus desejos e medos mesquinhos. Quero estar com Deus o tempo todo. Mas não quero ser nenhuma monja, nem abrir mão por completo dos prazeres mudanos. Acho que o que eu quero é aprender a viver neste mundo e desfrutar seus prazeres, mas também me dedicar a Deus.
Ketut disse que podia responder à minha pergunta com uma imagem. Mostrou-me um esboço que havia desenhado certa vez durante a meditação. Era uma figura humana andrógina, de pé, com as mãos unidas em prece. Mas essa figura tinha quatro pernas e não tinha cabeça. Onde deveria estar a cabeça, havia apenas um tufo selvagem de samambaias e flores. Em cima do coração estava desenhado um pequeno rosto sorridente.
Para encontrar o equilíbrio que você busca - disse Ketut por intermédio do tradutor- é nisso que você tem de se transfomar. Precisa manter os pés plantados cin tanta firmeza na terra que é como se tivesse quatro pernas, em vez de duas. Assim, você consegue permanecer no mundo. Mas você tem de parar de ver o mundo através da sua cabeça. Em vez disso, precisa olhar pelo coração. Assim você vai conhecer Deus.
(Comer, Rezar e Amar - Elizabeth Gilbert)